domingo, 8 de setembro de 2013

Entrevista a Armando Almeida, candidato ao Município de Gouveia


O Professor Armando Almeida candidata-se pela segunda vez ao Município de Gouveia, é presidente da concelhia do PS em Gouveia, o rosto dos socialistas. O blogue jornal O Hermínio contatou os candidatos, tendo o professor respondido afirmativamente ao repeto lançado.

J.H: Boa tarde professor, os nossos agradecimentos por conceder esta entrevista.
Armando Almeida: Eu é que agradeço.


J.H: A sua candidatura é de ruptura, de alternativa ou transição com os últimos doze anos?
A.AA minha candidatura é uma candidatura de alternativa e, por consequência, de ruptura com o modelo de gestão implementado nestes últimos 12 anos. Temos uma visão diferente da gestão autárquica necessária e das soluções para os problemas criados. O concelho não aguenta mais 4 anos de insensibilidade social, de crise económica e demográfica, espelhadas num desemprego galopante e na perda constante de população, a par de um total abandono do território. Por estas e outras razões, o que a candidatura do PS propõe é uma alternativa nas políticas e uma ruptura nos métodos, ou seja, dar horizontes novos de esperança aos Gouveenses.

J.H: Tem na sua lista à Câmara dois candidatos independentes na segunda e terceira posição, possíveis lugares a vereadores. Significa que dentro do partido não existia ninguém à altura ou os interesses dos Gouveenses falaram mais alto?
A.A: O PS é um partido interclassista, rico em quadros com capacidade para desempenhar qualquer cargo autárquico. Mas a comunidade Gouveense é muito mais que o universo dos militantes socialistas. A abertura à sociedade civil, a adesão de independentes às nossas propostas e a sua inclusão nas nossas listas designada mente na lista da Câmara Municipal, tem uma leitura política clara: devolver a Câmara às pessoas, com abertura, proximidade e transparência. As autárquicas são do povo, não são coutadas de clientelas partidárias para servir os amigos.

J.H: Sente-se mais aliviado com a saída de Álvaro Amaro?
A.A: Devia ter colocado essa questão aos gouveenses em primeiro lugar. Para mim é indiferente que o candidato seja Álvaro Amaro ou Luís Tadeu que, aliás, já assumiu embevecido o legado político. Álvaro Amaro e Luís Tadeu são co-responsáveis pelos anos mais negros que Gouveia viveu pós 25 de Abril. Mais dividas que obras, um concelho mais envelhecido e desertificado, com uma economia moribunda. Ambos conseguiram transformar Gouveia num concelho repulsivo do ponto de vista económico e demográfico, conforme a realidade o demonstra. Acredito que os gouveenses nunca chegaram a conhecer, verdadeiramente, Álvaro Amaro e depressa o esquecerão. 

J.H: Que herança deixou aos Gouveenses o ainda presidente do município ?
    A.A: Os indicadores estatísticos fornecidos pelo INE sobre Gouveia são arrasadores, falam por si e são um dedo apontado á ausência de uma política realista e pro-activa a favor dos munícipes ao longo dos seus 3 mandatos. Para quem prometia criar 1000 postos de trabalho, sair de cena com as taxa de desemprego que se conhecem, com uma população onde em cada 4 pessoas 3 são dependentes, a par da circunstância de Gouveia integrar a mais pobre NUTIII do país é um sumário bem elucidativo do seu testamento como autarca. Pior desempenho é impossível!

     J.H: Se vencer as eleições, vamos continuar a ter "apagão"?
    A.AClaro que não e sabe porquê? Porque comigo na Presidência, o meu gabinete não gastará anualmente 150 mil euros, como hoje acontece. Se tivesse havido um mínimo de decoro perante as dificuldades dos Gouveenses e uma gestão rigorosa a vergonha do apagão teria sido evitada e com ela a angustia e o medo das populações, particularmente os idosos a viver sozinhos e isolados. 
   
     J.H: Caso vença as eleições, Gouveia continuará a ser Capital da Aventura, ou mudará tudo como fez o ainda presidente do município, quando chegou ao poder?
A.A:O epíteto de “capital da aventura” foi um erro de casting de Álvaro Amaro na procura de um produto turístico que nunca se conseguiu afirmar. Nunca se afirmou nem afirmará porque não é essa a vocação de Gouveia, não é esse o pendor dos seus recursos turísticos mais valiosos e irrepetíveis. Nunca foi essa a sensibilidade das pessoas e dos agentes económicos locais que sempre estiveram de costas voltadas para tanto “radicalismo”. Gouveia tem condições privilegiadas para um conjunto de actividades no âmbito do turismo de natureza que importa fomentar e apoiar. Connosco não se mudará o nome ou o sítio às coisas, aos projetos ou às atividades só para dar a ideia que tudo é feito por nós. Como não colocaremos placas de inauguração com o nosso nome, das obras feitas por outros.

J.H: Quais os principais projectos e linhas orientadoras da candidatura do Partido Socialista?
    A.A: Não vou elencar os projectos antes de publicitar o nosso programa oficialmente, mas sempre lhe posso dizer que nos propomos servir as pessoas em todas as áreas do social e da actividade económica, para além de algumas importantes intervenções de cariz ambiental que urge operar na cidade de Gouveia. Pugnaremos para que os jovens e os desempregados possam reunir condições para gerar o seu próprio rendimento como acontece, aliás, por essa Europa fora, sustentada num tecido empresarial predominantemente constituído por PME’s e micro empresas  daí a minha alusão à necessidade de criar emprego, emprego, emprego… Depois trabalhar com as freguesias e apostar, com inovação, num mundo rural de excelência. Estes passos serão decisivos no médio prazo e possíveis de serem alcançados através de uma profícua gestão do futuro QEC 2014-2020.

    J.H: Álvaro Amaro afirmou recentemente que o município de Gouveia investiu 51 Milhões de Euros ao longo do tempo. Acha que o investimento foi bem aplicado?
     A.A: Esta é mais uma daquelas questões que deviam ser colocadas aos gouveenses em primeiro lugar. Todavia, salvo alguns arranjos urbanísticos, alguns dos quais redundaram num puro exercício despesista, sem qualquer utilidade, uns jardins e alguns projetos para “encher o olho” de pouco serviu a Gouveia esse investimento de 50 milhões de euros. Não sei de que se vangloria...nem com esses investimentos conseguiu ajudar a criar riqueza no concelho contratando os empreiteiros locais. Não, nenhum cêntimo foi ganho com estes trabalhos, fosse pela via directa, fosse pela indirecta. Esses milhões assim desperdiçados, não criaram um único posto de trabalho; é por estas e por outras que Gouveia está como está.
    
     J.H: De que forma pretende baixar o passivo do município?
    A.A:Baixar o passivo revela-se imperativo, quanto mais não seja pelo sufoco que provocará na futura equipa do executivo, mas é necessário conhecer, com todo o rigor, não só o passivo global como as condições de financiamento disponíveis. Constitui nossa intenção diminuir as taxas e impostos municipais. É escandaloso o que os cidadãos gouveenses pagam de IMI. Comigo Gouveia não será um concelho de gente cheia de dificuldades, com impostos para ricos. Isso consegue-se com uma gestão rigorosa e participada, porque os recursos são parcos e constituem um património comum. Evitaremos investimentos que não se encontrem associados a conteúdos funcionais vantajosos para a população. Basta de política despesista sem nenhum retorno para o concelho.

  J.H: A problemática da desertificação do interior e do envelhecimento da população sem regeneração jovem é cada vez mais acentuada. Acha que existe uma possibilidade de inverter a situação?
    A.A:Esta é uma questão técnica que qualquer decisor político deve dominar ou procurar estar informado. Honestamente, se nada for feito, como até aqui aconteceu, não há hipótese de rejuvenescer a população. Não há retorno possível, Gouveia tem os seus dias contados. Para atacar o problema convém ir ao cerne da questão e a explicação é simples: o crescimento real ou efectivo obtém-se por duas vias possíveis: pela consecução de um Saldo Fisiológico ou Saldo Migratório positivos ou, ainda, pelo comportamento concomitante positivo de ambos. Ora, Gouveia registou um comportamento negativo em ambos os domínios e a um ritmo mais acelerado que nos concelhos limítrofes, desde os censos de 2001 para cá. Nós temos uma ideia de como poderemos tentar inverter a tendência atacando uma das componentes, só com a prata da casa. Recusamo-nos a adoptar uma postura de braços caídos perante as evidências, como o actual executivo fez. Porém, estes 4 anos serão cruciais para os desígnios de Gouveia, não tenhamos dúvidas.

   J.H: O turismo é uma fonte de riqueza a explorar e um futuro para Gouveia. Que opinião tem relativamente à extinção do órgão Turismo Serra da Estrela  e as alterações introduzidas?
     A.A:Uma vergonha, mais uma machadada do governo PSD/CDS no interior e na Serra da Estrela. A região de turismo da Serra da Estrela foi uma criação dos Municípios da região há décadas e apesar de deficiências e lacunas de funcionamento e gestão, era uma voz regional na defesa de um património nacional. E estamos já a ver as consequências disso: foram eleitos os órgãos da Região de Turismo do Centro, e ninguém da Serra da Estrela os integra. Em conclusão, o turismo da Serra da Estrela, por vontade deste Governo Passos Coelho/Portas passa a ser comandado pelo eixo Aveiro/Coimbra/Leiria-Fátima. E cá continuaremos absolutamente esquecidos com o estatuto de região mais pobre do país. O actual Pólo Turístico da Serra da Estrela, como agora se define, tem de competir com produtos diferenciados no âmbito da mesma “região de turismo” e encontra-se, por força da estratégia seguida pelo PENT, vocacionado para o mercado interno. É pouco para as aspirações da região “Serra da Estrela”.

    J.H: Recentemente surgiu a polémica em torno da demolição do painel de azulejo do Jardim de Viriato, junto à ribeira de Gouveia. Afinal, a vereação socialista foi informada ou não da respectiva demolição?1     
   A.A: A vereação Socialista não só é alheia, como protesta indignada, a demolição do painel de azulejos representando o mapa do concelho de Gouveia. Mais indignação quando se constata que o mapa até ajudava a informar melhor residentes visitantes e saber que assim, num único local, tinham oportunidade de ver os brasões e identificar a situação geográfica das freguesias. Mas que surpresa se pode ter com a atitude da maioria Camarária; demolir foi um dos verbos mais congregados nos seus mandatos.
  
    J.H: Tardam a chegar investimentos privados a Gouveia por forma a criar empregos consistentes e economia sustentável. Que falta para que isso seja uma realidade?
    A.A: Em tempo de crise mais que hipóteses ou miragens é preciso ser realista e ter os pés assentes neste chão que é nosso. Acreditamos na capacidade de iniciativa dos Gouveenses e é este o nosso caminho. Apostar nos nossos empresários, nos emigrantes ou ex- emigrantes, dar-lhes todas as condições logísticas, apoio técnico e financeiro, será determinante nos próximos 4 anos.

   J.H: O Partido Socialista foi e é contra a união de freguesias, continuará a lutar para que volte o anterior mapa ao concelho de Gouveia?
     A.A: Foi mais uma afronta e uma traição política do PSD/CDS ao concelho de Gouveia, iniciar um mandato com 22 freguesias e terminá-lo com 16. O PS é e será contra este ataque às autarquias locais e à tradicional divisão administrativa com séculos de história, memórias e tradição. Logo que sejamos poder a nível nacional daremos voz às populações, aos seus órgãos representativos, às Juntas e Assembleias de Freguesia; quem quiser o novo modelo, as chamadas união de freguesias, pois muito bem, será feita a sua vontade. Mas quem quiser voltar ao estatuto anterior, ser de novo independente, terá toda a legitimidade para o fazer. Se uma autarquia é o poder público junto das pessoas, quebrar esta proximidade é um crime contra o poder local democrático e uma insensibilidade aos problemas das populações.

    J.H: A candidatura do PS tem surgido com a juventude, é para eles que pretende trabalhar?
    A.A: “Os jovens são a janela por onde entra o futuro de uma terra”. As palavras sábias do Papa Francisco dizem tudo, para quê inventar outros conceitos. Os Novos Horizontes são os jovens e para eles vamos construir Horizontes de Futuro.

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