segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Uma coisa chamada neve que "estorva" a vida serrana


Hoje voltou a nevar na Serra da Estrela, a neve começou a cair no maciço central de manhã tendo começado a cair com maior intensidade ao princípio da tarde. Para não ser diferente de outras ocasiões as estradas do maciço central voltaram a ser cortadas  pela 14ª vez neste período invernal.
Um pouco por toda a Europa central, neste momento, estâncias de esqui recebem turistas. Escolas fecham neste período para que pais e filhos possam desfrutar da neve e dos momentos que ela pode proporcionar. Estamos a falar de estâncias com maior altitude que a Serra da Estrela, estamos a falar de quantidades de neve bem superiores às quedas verificadas na serra mais alta de Portugal continental. Comparar o incomparável, estas estâncias também fecham por períodos onde as adversidades meteorológicas são elevadas, no entanto a circulação automóvel é salvaguardada.
Fatalismo incondicional, corte de hoje é igual a tantas outras, que para mal de empresários e comerciantes vivem desta neve, como âncora do turismo local. Inconcebível esta situação, com o passar dos anos os problemas subsistem e não se coadunam com as perspectivas de desenvolvimento local. O forte nevão que caiu no fim-de-semana de 18 de Janeiro levou algumas centenas de veraneantes à região cuja passagem foi barrada aos principais locais de diversão na neve. Perante toda a tecnologia ao dispor hoje em dia, os meios disponíveis , parecem haver poucas razões para que hoje, pelas 15h30, se ter cortado os principais acessos à Torre.
Muito se tem discutido, trabalhadores do Centro de Limpeza, cidadão comum, desportistas de desportos de inverno, mas pouco conclusivo tem sido o resultado final. Fala-se da orografia, das condições meteorológicas, do horário do funcionamento do Centro de Limpeza, entre outras. 
Recordamos aqui uma entrevista dada por António Ramalho, presidente das Estradas de Portugal a 26 de Agosto de 2013, o mesmo queixava-se dos elevados custos dos Centros de Limpeza de neve em Portugal, que o país tinha 58 viaturas de combate à neve, 11 viaturas especificas de combate, mais 20 viaturas adicionais de apoio como retro-escavadoras e tractores. Fora as 28 viaturas das entidades concessionárias contratadas. O presidente da EP referiu ainda que cada limpa-neve tinha um custo de 50 mil euros. Ora para a quantidade de neve que cai em Portugal, meios parece não ser um problema. Em 2012 o estado teve de contratar viaturas a empresas privadas por inoperacionalidade das viaturas no Centro de Limpeza da Serra da Estrela (???). 
No final de 2013, as Estradas de Portugal contrataram a aquisição de 2500 toneladas de sal gema para 2014, num custo de 180 mil euros, para os períodos de Janeiro a Abril e ainda meses de Novembro e Dezembro. Quantidade de sal gema para 7000 kms de jurisdição das Estradas de Portugal para os distritos mais afectados pela queda de neve. 
A acrescentar a estes dados os Bombeiros da Guarda receberam recentemente uma viatura de limpeza de neve, totalmente paga com fundo comunitário e a corporação da Covilhã já pediu a aquisição de 2 novas viaturas que custarão 200 mil euros, com 85% pago a fundo perdido.
Dinheiro e meios parecem não ser o problema à limpeza desta neve que tanto "estorva" a vida serrana.

Fotografia: Manuel Torres





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