segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Álvaro Amaro despede-se dos Gouveenses na Revista Municipal


A Revista Municipal de Gouveia, veículo de propaganda, tem nesta edição de Julho entrevista a Álvaro Amaro, nesta que é a sua despedida à frente dos destinos do Município de Gouveia. A entrevista é o "lapidar" daquilo que o ex-Secretário de Estado efectuou à frente dos destinos de Gouveia durante 12 anos. Álvaro Amaro, um político de dimensão nacional, que "aterrou" em Gouveia em 2001 e que deixa um legado de placas descerradas pelos cantos do concelho de Gouveia. 
No que concerne à entrevista, o entrevistado refere que os três mandatos deram-lhe «uma nova forma de ver política, mais directa e focada nas necessidades da população».
Transfere o passado para o presente, onde refere as dificuldades que se deparou quando tomou posse em Gouveia pela primeira vez, as dívidas à época, a fornecedores, os carros do lixo e a falência da Bellino & Bellinos. No futuro veremos o " fardo" que ele próprio nos deixou, dívida é certa, pois este ano de eleições tem sido de empreitadas consideráveis, num momento de crise e contenção.
Ainda aquando da sua chegada, fala na falta de ordenamento à época, mas que tudo foi possível transformar graças à «regeneração» levada a cabo, em muitos pontos da cidade, tornando-a mais atractiva. Uma conversa bem encadeada indo aos pontos que mais favorecem o ainda presidente da autarquia, não deixando de se desculpar de certa maneira, «...tivemos de abandonar projectos muito relevantes para a cidade, face à redução nas transferências para o municípios». Desses projectos saltam à lembrança do Snowboard, e o projecto da respectiva pista, que iria revolucionar radicalmente o concelho ao nível do desenvolvimento local. Outros investimentos " eleitorais", também de relevância, quem não se lembra da Coca-Cola ou empreendimento da Biomassa, que capitalizou votos em anos de eleição.
Refere-se à crise de soslaio, mas Gouveia apesar disso investiu muito como o próprio refere « investimos 51 milhões de euros no concelho.30% deste investimento foi custeado por financiamentos comunitários» . São 35 milhões de euros do "bolso" dos gouveenses que foram investidos em obras e empreitadas que todos questionam a sua rentabilização e retorno.
Como empresário, melhor que todos nós, saberá que um investimento requer um fundamento de rentabilização e retorno a curto, médio e longo prazo. Alguns têm tido dificuldade em perceber e concretizar o pensamento de alguns projectos feitos pelo autarca, até porque o investimento privado tem sido quase nenhum. Basta para isso olharmos ao nível de emigração que o concelho tem vindo a verificar novamente, face ao desemprego que aumentou em "flecha". A desertificação tem sido notória, não de agora mas de alguns anos a esta parte, sendo que nos últimos 5 anos o concelho perdeu 12% da sua população.
Nenhuma empresa investirá em Gouveia face à mão-de-obra pouco qualificada, uma população envelhecida, com serviços de saúde débeis, e uma rede viária fora dos eixos económicos acessíveis. Não basta efectuar zonas industriais, e colocar uma placa aluga-se ou vende-se. Para que Gouveia se torne atractivo ao mundo empresarial é necessário existir um grau de criação, desenvolvimento de ideias e projectos. Gouveia não precisa de ser "embrião" de empresas, mas sim ser "embrião" de ideias e criatividade, feitas por jovens licenciados. Só assim as empresas chegarão até Gouveia.
Outro tema invocado na entrevista é o turismo, desenvolvido desde que tomou posse, refere «Gouveia é hoje palco de eventos de nível internacional com impacto directo na economia do concelho». Gouveia tem sido ao longo dos 12 anos da sua governação um turbilhão de eventos, mas fica a pergunta, foram estes feitos de forma sustentável? Alguns com melhores resultados, outros nem por isso, entre Snowboard, Downhill, Orientação, Volta a Portugal...e outros, era importante saber o retorno, investiu-se X e o retorno Y. É isso que todos os gouveenses gostariam de saber. Mas não tem havido coragem, aliás os resultados financeiros da empresa municipal DLCG estão à vista de todos.
O presidente do município fala no caminho natural de Folgosinho como « um novo desafio turístico», refere ainda «...que permite descobrir uma zona do concelho de Gouveia até agora limitada pelos acessos. Para Folgosinho é um sonho de anos...contribuindo para melhorar a qualidade de vida das populações e preservar o riquíssimo património existente nos Casais de Folgosinho.»
Quando se fala em caminho natural, é preciso acautelar os conceitos para determinados fins, um caminho betuminoso proveniente do petróleo não pode ser considerado natural. No entanto, já aqui foi referenciado, que quem procura os Casais de Folgosinho, não deseja caminhar no alcatrão mas sim palmilhar em cada pedra e terra que torna aquele espaço geográfico tão especial. Aquela estrada teria feito todo o sentido há 40 anos, quando ali tínhamos pastores e fabrico artesanal do melhor queijo português, também ele em vias de extinção. Hoje quem procura a nossa Serra, procura o rústico e a beleza em "bruto" que poderão capitalizar um turismo sustentável e duradouro.
Mas porque nem tudo é mau ou menos bom, o programa da Loja Social é dos que mais me orgulha referir, um projecto que tem tido as suas mais valias. Houvesse mais projectos como este noutras cidades portuguesas, um projecto que independentemente de quem fique à frente dos destinos no município, o saiba preservar e melhorá-lo. O próprio autarca refere « Estão inscritos na loja social 150 famílias num total de 431 pessoas. O programa Gouveia + Solidária já apoiou 324 pessoas ...»
Quanto ao trabalho de Álvaro Amaro o tempo não muito longínquo nos dirá os retornos e os benefícios de tudo aquilo que foi feito em 12 anos de controvérsia e muita imagem trabalhada.  Veremos se Gouveia se apaga ou ficarão ainda alguns candeeiros que permitam ver na noite escura.




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