domingo, 12 de janeiro de 2014

A homenagem.


A homenagem que hoje centenas de gouveenses decidiram fazer a Álvaro Amaro culmina a ligação de doze anos de governação que o social-democrata fez em Gouveia. Em 2001, Álvaro Amaro trouxe a frescura de uma vitória eleitoral depois de 18 anos de governação de Santinho Pacheco, desgaste do socialista sem acautelar a sua sucessão que ainda hoje se procura. Em 2001 Álvaro Amaro conquistou o coração de uma geração de jovens, alguns deles obrigados a emigrar mais tarde e que andaram com o político de bandeirinha na mão em campanha eleitoral. O partido à época viu no político de dimensão nacional um caminho para a vitória que de forma inesperada viu seu argumento sustentado. Álvaro Amaro chegou viu e venceu, pairava um novo ar de esperança. Com ele vieram os holofotes da TV, a mediatização sempre foi um elo forte para o político natural de Ribamondego. Prometeu colocar Gouveia no "mapa", uma "Gouveia à Paris", mas veio a revelar-se uma governação de muita parra e pouca uva. Uma governação omnipresente, Coimbra sempre falou mais alto no seu coração. Apesar disso, não invalidou claras vitórias eleitorais, a esperança dos gouveenses que o seu "status" político trouxesse voos altos à Capital da Aventura e que nunca chegaram. As ligações às altas patentes do governo de muito pouco lhe serviram para melhor servir o concelho.
Passados doze anos, Gouveia está mais deserta que em 2001, mais envelhecida, mais pobre, sem pendor empresarial e comercial. A desculpa da situação geral do país e do interior não poderá surgir como desculpa a todos os males. O concelho perdeu 14% da sua população, hoje somos menos de 14.000 habitantes no concelho. No turismo fez-se um novo logótipo, mudou-se o slogan e Gouveia passou a chamar-se "Capital da Aventura", de início fulgurante com o Snowboard, percebeu-se que era projecto sem sustentabilidade, virou-se as costa à Turistrela e ao Turismo da Serra da Estrela, procurou-se um caminho sozinho mas sem consistência para dimensão nacional. 
Perante isto poucas razões plausíveis existem para tamanha homenagem, não desprestigiando tal ideia, em democracia impera a vontade do cidadão com total capacidade para efectuar juízos de valor.
Quer-nos parecer que este evento está ao nível de uma "homenagem feudal", como aqueles praticados na idade média onde se homenageava um individuo superior, significava a submissão daquele que prestava a homenagem, num claro dever de vassalagem.

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