terça-feira, 9 de julho de 2013

Muro da discórdia... e do autoritarismo



A demolição do painel de azulejos com o desenho geográfico cultural do concelho de Gouveia, ali colocado nos anos 70, tem levado à revolta da população, sobretudo as mensagens nas redes sociais. As obras de reabilitação do muro do Jardim de Viriato prevêem a colocação de azulejos dos brasões heráldicos das 22 freguesias que compõe o concelho de Gouveia. Esta obra "estética" que chamam de dedicatória às freguesias, acabou por destruir um património pertencente aos munícipes. Quem nasceu, cresceu, residiu ou passou temporadas no concelho de Gouveia, tem a imagem daqueles azulejos, faz parte da cidade. Esta intervenção "estética" desnecessária, eleva aquilo que já aqui tínhamos referenciado, os políticos acham-se acima de qualquer mortal só porque de 4 em 4 anos o povo dá legitimidade de governação. Neste processo é bom não deixar de referenciar que tanto o executivo como a oposição devem assumir culpas no findar deste ícone cultural da cidade. A empreitada foi aprovada em assembleia de Câmara em 2011 e não resiste na memória qualquer adenda à salvaguarda deste azulejos. Parte-se do pressuposto que era dado adquirido a demolição de tal património. Nem tão pouco se tenha pensado na sua reconstrução.
Nem tudo o que é antigo ou velho é bom, no entanto, esta imagem acaba por encaixar nas "raízes" de todos os gouveenses. As referências do passado devem ser salvaguardadas e valorizadas e não tratadas como uma parede de alvenaria que se destrói com um simples impacto.
A "regeneração" urbanística de Gouveia tem de ser feita à escala de Gouveia, de forma sustentável, tanto social como financeiramente. Esta empreitada não traz do ponto de vista arquitectónico uma mais valia.
A falta de comunicação do executivo para com a sociedade é demais evidente, fazem-se tantas conferências e apresentações em Gouveia, mas não houve ninguém que elucidasse a população sobre a matéria. 
O executivo fez chegar através da página na web a sua justificação: «Consultadas empresas da especialidade, estas informaram o Município de Gouveia que a recuperação do painel era tecnicamente impraticável face ao elevado grau de degradação do conjunto, e porque o painel estava assente sobre argamassa de cimento o que obrigou ao uso de um compressor para a sua remoção;» 
Ora seria de atitude sensata o executivo apresentar o relatório dessas empresas de modo a dissipar quaisquer dúvidas, até porque já se viu por aí obras de reabilitação de azulejo em condição pior que esta. 
Este executivo ficará a memória de todos os gouveenses, não pelas placas que o seu presidente "corre" incessantemente no encalce até ao fim do mandato, mas é o executivo do "apagão", da imigração, do desemprego, do êxodo rural, da fraca natalidade... 
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