Tem faltado falar de regionalização no nosso país, já o disse noutras ocasiões, neste mesmo espaço que esta legislatura de José Socrates muitos poucos foram os momentos de diálogo relativamente à vontade de dar às regiões maior autonomia administrativa, retirando algumas decisões ao Poder Central, dentro do bom senso e coerência, apesar de projectos e acessibilidades efectuadas. Existe no entanto, para além destas forças do Poder Central, a existência de forças locais que tendem em não querer reconstruir o Interior, destruindo o que a Interioridade implica. João Ferrão num dos muitos textos que fez ao longo do seu percurso diz: " Mais grave, porque mais decisiva, do que a reduzida densidade física, fruto dos processos de desertificação, é a incapacidade de os (poucos) actores existentes se qualificarem e se organizarem colectivamente, partilhando esforços e informação, produzindo conhecimento, estimulando inovações". Quando olhamos para o caso de Gouveia, a cidadania é quase nula, o debate é zero. Quererão os gouveenses realmente o desenvolvimento? Por vezes coloco-me a refletir se realmente o querem, como catalizador de postos de trabalho e melhores condições de vida para toda a população do concelho. Parece-me que têm medo de perder a ruralidade de um concelho de pequena dimensão, pacata, sem problemas, de pouca gente e com um modo de vida rotineiro. O crescimento é a palavra que mais íntimida a burguesia gouveense e que faz alastrar o "pavor" ao resto da população. Na verdade crescimento e desenvolvimento são dois conceitos que não coabitam, contráriamente ao que o senso comum pensa, colocando-os no mesmo "saco".Como já aqui referi anteriormente, crescimento é algo quantitativo e desenvolvimento é algo qualitativo. Será talvez esta confusão de conceitos que leva a tal burguesia viver em constante medo de perder as suas inflências numa pequena cidade e concelho, retraindo o respectivo "salto" qualitativo. É preciso abrir as mentes e colocar em práctica um desenvolvimento sustentável. Evidentemente que é necessário combater a desertificação e o chamado envelhecimento populacional, mas esse desenvolvimento terá frutos de forma coerente e de bom senso, de modo a dar continuidade à existência do concelho. É preciso a mobilização de entidades, jovens, colectividades e poder político rumo ao desenvolvimento sustentável, o único caminho ao combate da Interioridade e forma de reconstruir o Interior.
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